terça-feira, 12 de outubro de 2010
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Copo de veneno
Todo trancado, liga o ar condicionado
Vidro travado numa lata de sardinha
Todo assustado, passando por São Conrado
Final da reta dá de cara com a Rocinha.
Carro importado, um sujeito comportado
Está sujeito á restrição de seus direitos
De ir e vir, cantar, sorrir ou de simplesmente existir
Porque um traçante atingiu o Vidigal!
Bala perdida já se acha... normal
Descarga aberta, pânico geral
Faixa de gaza, é o Rio original
O fogueteiro estourou mais um rojão
Acende a ré, tem gente na contra-mão
É tanto tiro olha a cara de pavor
O caso é grave, uma grávida desmaiou
E o velho tempo, muito atento, até fechou.
Socialite não liga pro social
Dor de barriga, dá em qualquer mortal
È desumano esse túnel Dois “irmão”
Mudou de nome veja a situação
Zuzu o quê?!!, esse anjo é sofredor
Vida real, morte, vida, sorte e dor
Aqui do alto tem um homem voador
Pedra da Gávea tá suando de calor
Cada barraco tem sua sustentação
É a mão de deus, que segura esse morrão
Mas e você, que não sabe o que dizer?
A tua inércia enfraquece essa nação
O que acontece acha que não te pertence
Escute e tente, mudar sua opinião:
Esse contraste é problema da gente
É meu, é seu, da Maria, do João
Tu não precisa nem ser muito inteligente
Basta encarar, as coisas, como são
Nesse emaranhado de barraco á sua frente
Tem gente inocente tão refém quanto você
Desse sistema massacrante, dessa exclusão flagrante
No mundo afora, filho chora e mãe não vê
Mas você... pode até escapar, foi só um susto
Pode correr, ou se esconder atrás do arbusto
Você pode até morrer...
O que não pode é fingir que não tá vendo
Esse COPO DE VENENO que nos deram pra beber...
sexta-feira, 6 de julho de 2007
PIXOTE
Por: Ocimar Santos
O morro é... o morro tem...
Tem força e fé
Tem o mal e tem o bem
O meu lamento
È pela situação
De quem ta no relento
Numa vida de cão
Tem que ser forte
E por deus iluminado
E ter muita sorte
Quem vê sufoco não enverga
Mais enxerga o lado errado
Foi na Rocinha
Que eu passei a minha vida
E fiz amigos
Que eu quero muito bem
Eu tenho orgulho
Daquela favela querida
Mesmo nas madrugadas perdidas
Foi no morro que aprendi a ser alguém
Mas... peço socorro
Ao menino franzino
Ali de pé no chão
Que cheira cola, não vai a escola
E não come pão
Jogado a sorte (lá vai Pixote)
Só e sorrindo
Flertando com a morte
Se desconstruindo
Pelo bandido, nutre admiração
Quer ser fogueteiro
Acha maneiro a pistola
E a grossura do cordão
Coitado dele...
Coitado dele, por nascer nessa nação
Quanto diabo pra atentar
E falta anjo pra pegar na sua mão!