segunda-feira, 9 de julho de 2007

Compositor Ocimar Santos: Copo de Veneno

Compositor Ocimar Santos: Copo de veneno

Copo de veneno


Todo trancado, liga o ar condicionado
Vidro travado numa lata de sardinha
Todo assustado, passando por São Conrado
Final da reta dá de cara com a Rocinha.
Carro importado, um sujeito comportado
Está sujeito á restrição de seus direitos
De ir e vir, cantar, sorrir ou de simplesmente existir
Porque um traçante atingiu o Vidigal!
Bala perdida já se acha... normal
Descarga aberta, pânico geral
Faixa de gaza, é o Rio original
O fogueteiro estourou mais um rojão
Acende a ré, tem gente na contra-mão
É tanto tiro olha a cara de pavor
O caso é grave, uma grávida desmaiou
E o velho tempo, muito atento, até fechou.
Socialite não liga pro social
Dor de barriga, dá em qualquer mortal
È desumano esse túnel Dois “irmão”
Mudou de nome veja a situação
Zuzu o quê?!!, esse anjo é sofredor
Vida real, morte, vida, sorte e dor
Aqui do alto tem um homem voador
Pedra da Gávea tá suando de calor
Cada barraco tem sua sustentação
É a mão de deus, que segura esse morrão
Mas e você, que não sabe o que dizer?
A tua inércia enfraquece essa nação
O que acontece acha que não te pertence
Escute e tente, mudar sua opinião:
Esse contraste é problema da gente
É meu, é seu, da Maria, do João
Tu não precisa nem ser muito inteligente
Basta encarar, as coisas, como são
Nesse emaranhado de barraco á sua frente
Tem gente inocente tão refém quanto você
Desse sistema massacrante, dessa exclusão flagrante
No mundo afora, filho chora e mãe não vê
Mas você... pode até escapar, foi só um susto
Pode correr, ou se esconder atrás do arbusto
Você pode até morrer...
O que não pode é fingir que não tá vendo
Esse COPO DE VENENO que nos deram pra beber...

Compositor Ocimar Santos: PIXOTE

Compositor Ocimar Santos: PIXOTE

sexta-feira, 6 de julho de 2007

PIXOTE



Por: Ocimar Santos

O morro é... o morro tem...

Tem força e fé

Tem o mal e tem o bem

O meu lamento

È pela situação

De quem ta no relento

Numa vida de cão

Tem que ser forte

E por deus iluminado

E ter muita sorte

Quem vê sufoco não enverga

Mais enxerga o lado errado

Foi na Rocinha

Que eu passei a minha vida

E fiz amigos

Que eu quero muito bem

Eu tenho orgulho

Daquela favela querida

Mesmo nas madrugadas perdidas

Foi no morro que aprendi a ser alguém

Mas... peço socorro

Ao menino franzino

Ali de pé no chão

Que cheira cola, não vai a escola

E não come pão

Jogado a sorte (lá vai Pixote)

Só e sorrindo

Flertando com a morte

Se desconstruindo

Pelo bandido, nutre admiração

Quer ser fogueteiro

Acha maneiro a pistola

E a grossura do cordão

Coitado dele...

Coitado dele, por nascer nessa nação

Quanto diabo pra atentar

E falta anjo pra pegar na sua mão!